Esta semana, pela segunda vez na vida, um livro me fez chorar. Da primeira vez que aconteceu, eu me lembro direitinho da última frase: “porque uma família condenada a cem anos de solidão não pode ter uma segunda chance sobre a terra”. Gabriel Garcia Márquez, o livrinho de capa dura de uma dessas coleções de jornal, e eu no ônibus a caminho da faculdade. Um clássico da choradeira. Desta vez, o responsável pelas lágrimas foi o inglês Ian McEwan e seu “Reparação”. Acho que poucas vezes me deparei com uma história tão abrangentemente triste: mocinhos ou bandidos, o sofrimento vem para todos, sem distinção.
O filme ainda não vi. E sempre tentei não ler nada sobre ele na internet. Esperei até conseguir ler o livro porque não queria estragar a experiência. Mas eis que hoje, dois dias depois de terminar “Reparação”, encontrei na internet uma série de notícias interessantes sobre McEwan e a obra. A primeira é que “Reparação” vai virar ópera. O roteiro não fica a cargo do escritor; será escrito pelo poeta Craig Raine. Mas McEwan está envolvido na produção e vai dar seus pitacos. Não sou nenhuma especialista em óperas, nem de longe, mas sem dúvida o texto tem força dramática suficiente para virar um belo espetáculo. O próprio Mc Ewan dá uma sonhada muito boa no texto do Guardian: “Se você pensar em uma ópera de grandes proporções, imagine um grupo de 380 mil soldados nas praias de Dunquerque. Seria um belo coro”.